domingo, 9 de setembro de 2012

Dificuldades e Distúbios na Aprendizagem IV DISTÚRBIOS DE ARTICULAÇÃO





II-2   -DISTÚRBIOS DE ARTICULAÇÃO


São dificuldades ligadas a articulação onde existem comprometimentos dos músculos, arcada dentária e outros órgãos responsáveis pela emissão de fonemas e deglutição.

Classificamos os distúrbios de articulação em três grupos:

Articulação propriamente dita, deglutição e respiração.


A – SIGMATISMO

São dificuldades apresentadas na pronúncia do /s/ e /z/, caracterizadas por uma disfunção mecânica dos órgãos articulatórios que denominamos de sigmatismo.

Os sigmatismos de origem maxilo-mandibulares se dividem conforme sua origem:

- Sigmatismo Lábio Dental

Caracterizado pelo /s/ soprado entre os incisivos superiores e o lábio inferior. É comum encontrarmos nas prognatias mandibulares (classe III) e nas protusões maxilares (classe II).


- Sigmatismo Interdentário ou Central

Evidencia-se pelo avanço do ápice da língua sobre os incisivos superiores e inferiores. É observado em crianças com problemas ligados a raquitismo com má-formação e em crianças com protusão da arcada dentaria superior, principalmente quando tem hábitos viciosos, mordida aberta anterior e quase sempre diastema.


-Sigmatismo Lateral

Encontra-se quando a língua apóia-se isoladamente de um lado e levanta-se do outro, tomando assim, contato com outros dentes.

Aparece normalmente nas prognatias e nas vestibularizações de maxilares que apresentam atresia.


-Sigmatismo Estridente

            É produzido pela dispersão de ar que se processa sobre os incisivos superiores que se encontram mal posicionados.


B-      DEGLUTIÇÃO

É um ato continuo de transportar substâncias liquidas, gasosas e sólidas da boca até o estômago.

Encontra-se em três fases:

                        FASE 1:

Voluntária, começa quando o bolo alimentar é empurrado para trás, num plano inclinado, formado pela calha da língua, cola-se palato abaixando a base. O bolo alimentar desliza até a faringe lubrificada pela saliva.

FASE 2 :

Faringeana ou involuntária, é a chamada deglutinação reflexa não consciente. O bolo alimentar vai despertar no faríngeo uma série de reflexos que irão se contrair para impedir a volta do alimento para a boca, fossas nasais e vias aéreas inferiores empurrando o alimento para  o esôfago .

FASE 3 :

Esofageana e involuntária é o ato reflexo que ocasiona a passagem do alimento para o estômago.

B-1 - DEGLUTIÇÃO ATÍPICA

É a forma incorreta pela qual os alimentos são transportados desde a cavidade oral até o estômago. Consideramos deglutição atípica  quando nas duas primeiras fases da deglutição encontramos uma total desarmonia que se desencadeia em situações constantes de anormalidades trazendo assim inúmeros prejuízos aos órgãos articulatórios que em função da dificuldade poderão ficar bastante prejudicados. É importante citar que a deglutição de forma incorreta poderá trazer inúmeros transtornos para a arcada dentária.

As principais causas da deglutição atípica são:

§   Quebra de reflexo de sucção:

§   Sucção de dedo e artefatos de borracha

§   Amigdalites constantes;

§  Respiração bucal;

§  Anadontias;

§  Macroglossia.    


Devemos estar sempre atentos a observação da criança com respeito a:

§  Hábitos de dormir;

§  Tipo de respiração;

§  Tipo de alimentação;

§  Postura da língua;

§  Tipo de mastigação;

§  Modificações na arcada dentária;

§  Dificuldades da motricidade facial;

§  Tonicidade da língua.


C-  PROJEÇÃO LINGUAL

É um distúrbio da articulação ligado diretamente ao funcionamento da língua, associada aos órgãos articulatórios. A projeção lingual ocorre de forma constante, sempre que a criança emite os fonemas /t/ , /d/ , /n/.


Principais causas:

v Mau posicionamento da língua causado por vícios e maus hábitos;

v Desequilíbrio muscular e tonicidade da língua prejudicado;

v Distúrbios emocionais.


A  Projeção lingual poderá contribuir para a má-formação da arcada dentária e para aumentar os problemas emocionais, caso já existam.

É muito comum ao observarmos uma criança que proteja a língua ao falar salivar em excesso. Partindo daí, a família, os amigos e a professora tendem a sempre chamar a atenção da criança com repressões que poderão trazer conflitos emocionais para a criança.


Observações como:

v “Bota a língua para dentro”;

v “Cuidado par não cuspir na hora de falar”;

Não devem ser feitas,pois independe da criança  o ato de faze-lo. As perdas prematuras dos incisivos centrais inferiores e superiores poderão trazer para a criança vícios de projeção da língua. É importante, quando dificuldades como estas aparecer, consultarmos e pedirmos orientação ao odontopediatra que caberá indicar a conduta correta.


D- INTERPOSIÇÃO LINGUAL

É interposição lingual observamos   um  mau   posicionamento  da   língua que se dispõe entre os incisivos superiores e inferiores.

Com freqüência encontramos a língua mantendo contato a partir do primeiro e do segundo molar.

As principais causas da interposição lingual são:

v Respiração bucal;

v Massa lingual volumosa;

v Má-formação das estruturas orais da criança;

v Hábitos  viciosos;

v Pouca mobilidade e tonicidade da língua;


Nossa experiência estabelece uma   relação  entre    respiração bucal,    deglutição   atípica, projeção lingual, sigmatismo e interposição lingual.

Isto não impede que a criança  possa ter um único problema isoladamente.

            A preocupação em prevenir no pré-escolar, interferindo com a correção da interposição lingual, caso ela ocorra, é para que futuramente não seja necessária uma correção ortodôntica para a má-oclusão dentária, causada pela língua interposta.

A relação criança, fonoaudiólogo, deve ser estreita e constante, pois a finalidade principal deste tratamento é evitar a correção ortodôntica


E-    RESPIRAÇÃO

A respiração é de máxima importância na articulação. A  finalidade  da  respiração  é  através  da expiração restituir a energia armazenada por  todas as contrações musculares determinadas pela inspiração, portanto a elasticidade dos pulmões distendidos pela inspiração, a energia acumulada durante o movimento de afastamento e de tensão das costelas, da volta da musculatura abdominal que retoma a posição normal, seguindo o diafragma que se descontrai.

Na inspiração, o músculo de maior importância é o diafragma. Quando ele se contrai o volume da porção inferior da caixa torácica leva os  pulmões a expandirem-se na mesma direção.

Na expiração, o diafragma deixa de pressionar o ventre por que o eleva. Há um movimento espontâneo da parte superior do abdômen para voltar a sua posição de repouso.

Pela contração conjugada desses músculos, as costelas se deslocam para cima e para fora e em conseqüência desse movimento, na inspiração há um aumento do diâmetro transverso e na expiração, o movimento é contrário.

Na respiração normal, ao inspirar enquanto o ar desce, o diafragma aplana-se, o gradil costal inferior eleva-se, o superior movimenta-se muito pouco para frente e o ventre dilata-se. Ao expirar, o diagragma se relaxa e volta a adquirir o feitio de cúpula; o gradil costal inferior baixa e os músculos abdominais se contraem.

Portanto a respiração fisiologicamente correta é aquela em que predomina funcionalmente a atuação da região costo-diafragmática.

Assim sendo, todo indivíduo que inspira ou expira com predominância da região costal superior esta indo contra a fisiologia do organismo prejudicando, portanto a fala, sua voz, sua digestão, sua arcada dentária, sua postura, seu perfil facial, os órgãos orofaríngeos, etc.

E importante citarmos as anomalias respiratórias:

o    Respiração lenta;

o    Respiração acelerada;

o    Dificuldade na respiração;

o    Respiração rápida e profunda;

o    Respiração bucal.


Na criança há grande predominância da respiração bucal, onde ela usa a cavidade oral para inspirar e expirar.


CAUSAS:

q  Obstruções respiratórias altas;

q  Distúrbios respiratórios localizados acima da laringe;

q  Hipertrofia de amigdalas  significantes;

q  Hipertrofia de adenóides;

q  Desvio de septo;

q  Anomalias congênitas em nível do nariz;

q  Infecções repetidas;

q  Processos alérgicos (rinites alérgicas);

q  Pólipos (é raro aparecer em crianças de 0 a 6 anos);

q  Tumores (é raro aparecer em crianças de 0 a 6 anos);

q  Cornetos inflamados.

            Estas causas podem levar sérios transtornos para uma criança, como lesões respiratórias altas; sinusites, insuficiências respiratórias e infecções sérias e sistemáticas. É importante não afastar as doenças respiratórias baixas, como as bronquites, bronquealites e até asma bronquealites e até asma brônquica.

É fácil observar para se detectar o respirador bucal. Ele apresenta fácies atípicas (chamadas de fácies adenoideanas). É a criança que sempre que não se encontra falando, esta com a boca aberta. A criança que tem um hiperdesenvolvimento da mandíbula, que poderá leva-la a uma futura má-oclusão dentária e a um perfil prejudicado, pode até se  apresentar com um tórax diferente (chamado peito de pombo), é comum uma distensão abdominal, principalmente nas crianças de baixa idade cronológica e até em conseqüência desta distensão uma lordose (encurvamento da coluna vertebral par diante).

Justifica-se que para a criança é mais fácil respirar pela boca do que pelo nariz, pois a boca esta mais próxima do pulmão. Isto resulta em menor resistência e maior probalidade de infecções, pois quando a criança respira pelo nariz, o ar, sofre filtragem, aquecimento e purificação, fazendo com que ele chegue aquecido e bastante purificado nas vias respiratórias inferiores e assim não traga conseqüências para essa região.

A criança em franco e bom desenvolvimento deve ser tratada das causas precocemente para que a dificuldade não se instale e torne mais difícil corrigi-las. O otorrino eliminara a causa, porém o mau hábito de respirar pela boca perdurará até que seja tratado pelo fonoaudiólogo, que com avaliações técnica  e terapêuticas irá reabilita-lo.


CONCLUSÕES:

Por ser a boca uma zona de extrema sensibilidade, cuja significação psicológica tem sido muito estudada por psicólogos, fonoaudiólogos, odontopediatras, pediatras, etc.

            Ao nascer, a criança usa sua cavidade oral para alimentar-se e comunicar-se com o mundo que a rodeia.

Partindo daí, surge a nossa preocupação com todas as disfunções miofuncionais (distúrbios de articulação) já citados.

É necessário uma avaliação cuidadosa e detalhada para uma perfeita integração de procedimentos, técnicas e tratamentos para se reeducar padrões musculares inadequados que se interligam e causam diversas disfunções miofuncionais e/ou distúrbios da articulação.

Prof Dr Master Reikiana

Aldry Suzuki

 

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